A família haitiana foi enganada por coiotes que levaram o garoto para o Brasil.
O menino foi encontrado numa estação de metrô em São Paulo. Durante oito anos ele ficou separado da família.
Em 2003, a haitiana Dieula Goin ficou viúva. Sem ter como sustentar a família, imigrou para a Guiana Francesa. Casou de novo, melhorou de vida e contratou uma pessoa para buscar os dois filhos que tinham ficado no Haiti. Sem saber, Dieula estava caindo em uma rede internacional de extorsão e tráfico de pessoas.
Tudo começou quando o menino foi buscado em casa, no vilarejo de Fundo dos Negros, no interior do Haiti. No dia 1º de dezembro de 2009, embarcou em Porto Principe, a capital haitiana, num vôo da Copa Air Lines. Três adultos estavam com ele: Jean Paul Samuel Myrtill, Jean Pierre Sainvil e Sandra Lorthe. Eles fizeram conexão Panamá e seguiram para Lima, no Peru. No dia 15 de dezembro, já estavam na Argentina.
O fim da meada que permitiu esclarecer a ação da quadrilha foi encontrado no metrô de São Paulo. No dia 21 de dezembro de 2009, um garoto estrangeiro, na época com 11 anos, foi visto zanzando na Estação Corinthians-Itaquera, na Zona-Leste da cidade. O agente de segurança interrogou o menino, porem ele não falava nada. O segurança chamou um interprete, mas a criança não falou muito.
O garoto foi recolhido a um abrigo. Uma semana depois, durante uma inspeção de rotina, o juiz Paulo Fadigas perguntou quem era aquele menino que não falava português. No inicio, todo mundo pensava que era um caso de desaparecimento, mas aos poucos, os sinais de que havia algo errado começaram a aparecer. O menino ficava nervoso ao entrar em um carro e se recusava a comer sem que alguém provasse a comida antes.
Foi encontrado na mochila da criança o passaporte da haitiana Mirlande Stinvill. Quando o garoto contou que a mulher não estava sozinha e que outras pessoas viajavam com ele pela America Latina, a Policia Federal e a Interpol passaram a investigar o caso. O haitiano Smith Moise foi procurar o juiz. Ele tentou reaver o menino, dizendo que Mirlande era a tia dele, O que não era verdade.
O delegado responsável pelo caso pediu a prisão dos envolvidos, mas o pedido foi negado porque não havia provas o suficiente. O juiz mandou reforçar a segurança do garoto. A investigação rastreou os passos do que seria uma quadrilha de coiotes, os traficantes de pessoas.
Entre 2009 e 2010, outras 50 crianças haitianas entraram no Brasil, passando pelos guichês de imigração dos aeroportos de Guarulhos, em São Paulo; de Confins, em Minas; do Galeão, no Rio; e de Manaus sem que ninguém fosse barrado. Dessas 50 crianças, 30 são meninas. Todas têm registro de entrada no Brasil, mas não têm registro de saída.
O consulado brasileiro na Guiana Francesa recebe freqüentes pedidos de visto para que haitianos possam cruzar o Brasil e buscar seus filhos em outros países da America Latina, como a Bolívia
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